Seja uma monografia, uma petição ou qualquer outro trabalho. Comece logo a fazer o que tem que ser feito. Há aqueles que esperam a conclusão do trabalho no plano mental, para só depois iniciar a transformação das ideias em texto. O ideal é planejar a tarefa, fazer um sumário, mas os rumos vão surgindo no curso da caminhada. Melhor não agir do que agir sem pensar. Essa postura pode ser válida para muitos tipos de ação. Se alguém é assaltado, a menos que esteja numa posição muito vantajosa, a sensatez recomenda não reagir. Mas de uma modo geral, entre o pensar e a ação, prefira esta.
O amor platônico nos transporta para sonhos prazerosamente nostálgicos. Qualquer que seja ele, vale a pena curtir um grande amor. Mas a volta à realidade é inexorável. O trabalho, a semana, as contas para pagar. Talvez seja melhor ter alguém de carne e osso para dividir as alegrias e também as agruras do dia a dia.
Na presunção de ser útil aos mais jovens, seguindo as trilhas de Belchior. “Quero lhe contar como eu vivi/E tudo o que aconteceu comigo”.
Seja na elaboração de um parecer, numa petição recursal ou em qualquer outro trabalho intelectual, tenho a firme convicção de que tudo começa com um rascunho. A metodologia ensina que o sumário é uma das últimas tarefas a serem feitas no livro. A prevalecer essa orientação, começo meus textos sempre pelo fim.
O meu Curso de Direito Processual Civil está na 26 edição. Comecei por dividi-lo em partes, depois em capítulos e finalmente em itens. Feito o esboço do que pensei que um dia constituiria o sumário, passei a cuidar do recheio. A cada parágrafo surgia uma ideia e então o rumo do texto era alterado. A essa mudança de rota dou o nome de inspiração.
O livro, tal como o ser humano, nunca está pronto ou acabado. Sempre há algo para corrigir e melhorar. É o cinzel do tempo. Há três décadas, em fichas de aula, fui tecendo o que mais tarde virou sumário. Todo ano vem a revisão. É uma caminhada de inspiradora transpiração. Como diz o filósofo Gumercindo, na verdade, meu tio, que frequentou pouca escola, mas acha pouco e procura muito. “A estrada não vem até você, é você que passa por ela e na caminhada se modifica, para o bem ou para o mal, começando pelo primeiro passo.” Outra dele: “Ficar deitado olhando para o céu sempre me traz muita inspiração; agora, se não me levanto e ponho tudo no papel, a inspiração vai embora com as nuvens.”.
Tenho um amigo que tem sempre um “papo cabeça”. Gosta de falar frases em inglês, odeia música sertaneja e não pode nem ouvir falar em autoajuda. Faz tempo que não nos falamos. Afastei-me quando ele me indagou se poderíamos fazer “uma call” para debater aquela questão jurídica. É muita viralatice para meu gosto. O que às vezes nos falta é “Um toque de grandeza”. Aliás, esse é o título do livro de Frank Tibolt (1897-1989), que muito me inspirou a escolher a minha estrada e prosseguir na caminhada. Eu recomendo.
Viver é melhor que sonhar. Levante, lave o rosto, tome um café amargo, a estudar.
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Elpídio Donizetti Sociedade de Advogados
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